CARTA ABERTA AOS PARLAMENTARES - GRUPO NACIONAL DE LUTA PELA PRF

01/09/2010 14:39

Carta do Sindicato da PRF do DF mostrando a indignação com a situação crítica a qual se encontra o órgão atualmente e solicitando apoio dos parlamentares

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Nós Policiais Rodoviários Federais, familiares e amigos desta instituição nos utilizamos deste expediente para mostrar a toda classe política uma radiografia do que se está passando neste momento nos mais de quatrocentos postos de fiscalização da PRF em todo o País.

O atual efetivo da polícia possui cerca de 9.000 homens. O satisfatório segundo o Tribunal de Contas seria, no mínimo, o dobro. Existem hoje 57.211 km são de estradas federais a serem patrulhadas pela PRF. Pelas rodovias e estradas do Brasil circulam 17,9 milhões de automóveis, 3,087 milhões de comerciais leves, 1,17 milhão de caminhões e cerca de 258 mil ônibus. Mais de 60% do transporte de cargas é realizado através das rodovias nacionais.

Considerando que parte do efetivo policial trabalha no quadro administrativo do DPRF, das Superintendências e Delegacias da PRF, podemos estimar que trabalham, no máximo, 7 mil homens na atividade fim. Como se trabalha em sistema de revezamento, por dia, descontando ainda os servidores que estão de férias e licença médica, temos apenas 1.500 homens para fazer segurança pública e fiscalização de trânsito em todas as rodovias federais do país.

Neste exato momento grande parte dos postos da PRF estão com apenas 1 ou 2 policiais. No estado de Minas Gerais, detentor da maior malha viária federal e recordista do número de acidentes e mortos, são vários os postos trabalhando com apenas um policial.

O baixo efetivo impede os PRF´s de prestarem sum serviço satisfatório e encoraja ataques de marginais. No RN, o posto de Lajes foi assaltado. Em Rondônia, uma viatura da PRF foi atacada e um policial morreu com um tiro de escopeta. De norte a sul do Brasil os PRF´s se arriscam diuturnamente, muitas vezes indo sozinhos socorrer os usuários das rodovias federais.

Mesmo com esse quadro crítico de efetivo, a cúpula do Departamento de Polícia Rodoviária Federal decidiu, sem licitação, contratar duas empresas sem tradição alguma em concursos nacionais: a FUNRIO e NCE-UFRJ. O resultado (previsível) foi desastroso. Houve fraude nos dois últimos concursos e todo o calendário de aquisição de policiais foi atrasado, agravando a situação que já era crítica. Ninguém do DPRF deu qualquer justificativa para essas duas más escolhas.

A frota de viaturas se mostra insuficiente para o trabalho. Muitos postos trabalham com veículos que beiram o sucateamento, outras com capacidade de trabalho completamente incompatível com policiamento de rodovias, estando longe das condições ideais de serviço. Existem vários relatos de colegas irem atender acidentes de carona com usuários porque a viatura não estava disponível no momento da emergência.

Parte considerável dos postos de fiscalização tem a mesma estrutura predial de 30 anos atrás. O resultado disso são locais de trabalho precários e insalubres, sistemas elétricos e hidráulicos ultrapassados e fachadas envelhecidas.

Além da parte física, outra questão relevante é a necessidade de mais equipamentos de trabalho. O armamento está defasado, são necessários mais computadores, rádios, lanternas e coletes balísticos. A deficiência de comunicação telefônica também é evidente. Muitos postos possuem telefones que não efetuam ligações. O sistema VOIP adotado é extremamente instável, funcionando pouco e mal.

A insatisfação do efetivo operacional com os gestores do DPRF é generalizada e isto pode ser facilmente verificado conversando com qualquer policial rodoviário federal nos postos. O distanciamento se revela nas atitudes unilaterais dos administradores para com seus administrados. Podemos citar como exemplos: a atitude antidemocrática da criação por parte dos diretores do DPRF do sindicato dos inpetores ? SINIPRF, entidade que fere o princípio constitucional da unidade sindical e que foi criada depois que perderam o controle político da maioria dos sindicatos regionais, e que prevê em seu estatuto que empresas e terceiros podem ser filiados desde que contribuam de forma relevante para as finanças deste sindicato; a Portaria 030 que sobre o pretexto de aumentar(sem qualidade) a fiscalização e passar ?sensação de segurança? para o usuário, transforma os poucos policiais rodoviários da atividade-fim em meros recenseadores de BR´s; a lentidão na modernização o anacrônico uniforme, totalmente incompatível com o clima tropical do nosso país; a gestação da nossa lei orgância sem a participação do efetivo e dos sindicatos legítimos; os históricos atentados à unânime escala 24/72; a burocratização exacerbada do serviço operacional; a insistente preferência do relatório em detrimento ao resultado.

Não exergamos nos nossos gestores os princípios da moderna ciência da administração que falam sobre motivação, estímulo, eficiência, felicidade, satisfação pessoal e valorização do funcionário como elemento basilar da produtividade e crescimento de qualquer entidade corporativa, o que prova que a a mentalidade dos mesmos e sua respectiva forma de gestão empírica e amadorística se encontram totalmente ultrapassadas.
Mas mesmo com todos esses empecilhos, nossos homens são dignos de façanhas destacadas pelo próprio Ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, que afirmou, em recente entrevista à revista Época que a Polícia Rodoviária apreende mais drogas que a PF.

Em 2009, prendeu 111 mil pessoas e apreendeu 12 mil armas?

Estes números demonstram que o efetivo é extremamente qualificado, mas que com o atual quadro de desmotivação e descomando tenderão a cair vertiginosamente.

Os atuais gestores do departamento já estão no poder há 8 anos e seu estilo de administração autofágica já é considerado, pela esmagadora maioria dos policiais, ultrapassado. É importante que toda a classe política entenda que esse pequeno grupo representa um projeto pessoal que não é o mesmo dos 8000 mil policiais rodoviários federais da pista, estes sim, heróis anônimos, que arriscam todos os dias as suas vidas, mesmo com péssimas condições de trabalho, para dar um mínimo de segurança aos milhões de brasileiros que transitam nas rodovias federais.
Investir na Polícia Rodoviária Federal é investir em vidas que não morrerão em acidentes de trânsito, em patrimônios que não virarão sucatas, na preservação do meio ambiente, na apreensão de drogas, na prisão de criminosos. Este talvez seja um dos melhores investimentos que um político pode fazer por seu eleitorado.

Por isso, rogamos a Vossas Excelências que nos dêem uma chance de colocar a Polícia Rodoviária Federal no seu lugar de direito, no espaço destinado às instituições essenciais à segurança pública do País, com gestores respeitados pela tropa que sejam efetivamente capazes de transformá-la em uma polícia eficiente, produtiva, pois este é o interesse não só dos nossos policiais, mas de toda sociedade brasileira.

Para tanto pedimos:

1. Cassação imediata do registro sindical do SINIPRF-Brasil e exoneração de todos os inspetores envolvidos na criação desta entidade.

2. Reestruturação dos postos de fiscalização, equipamentos e viaturas.

3. Aceleração do concurso público em andamento e feitura de outros, em caráter de urgência, para recomposição do efetivo em todo o território nacional.

4. Igualdade de tratamento com as outras polícias da União.
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Esta carta está sendo enviada a diversos parlamentares por integrantes do Grupo de Luta pela PRF.
Participem desta causa, quem sabe faz a hora não espera acontecer!
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Fonte: SINPRF/DF
Obs: com adaptações do SINPRF/AL "

fonte: https://sinprfal.org.br/content/carta-aberta-aos-parlamentares-grupo-nacional-de-luta-pela-prf

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