As verdades sobre os números Derennianos

31/01/2011 10:30

É certo que os números não mentem, porém a análise institucional desses números podem não conter a verdade. Apresentado em um momento de extremo desgaste, a Direção Geral chama para si a glória por apresentar números impressionantes, resultado do esforço hercúleo de seus policiais.
A verdade é que tais números ainda são muito pouco se comparados aos que poderíamos atingir com uma administração eficiente. Hoje temos uma situação de apatia por grande parte do efetivo, que se encontra insatisfeita com os rumos que a Direção Geral e alguns de seus Coordenadores têm tomado.
Para analisar tais números devemos ter em mente que a oxigenação nos quadros do órgão com a entrada de mais de 3000 policiais a partir do ano de 2004 foi a mola propulsora para a obtenção de tais resultados, pois somando a experiência dos mais antigos com a empolgação dos mais novatos, tivemos um excelente resultado, fruto de automotivação do efetivo.
Não posso me esquecer de citar aqui as turmas anteriores, pois há verdadeiros heróis em nosso meio, mas o tempo de vida útil para que um policial prossiga trabalhando em um clima de autoritarismo, falta de reconhecimento ou incentivo é curto, salvo exceções.
Vemos pelos números que em 2006 atingimos a quantidade máxima de policiais no órgão, dentro da era Derenniana. Tal número coincide com a entrada da última turma do concurso de 2004, um dos maiores concursos da história do DPRF. Com a entrada de novas turmas, policiais experientes renovam suas forças, começam a acreditar em mudanças e passam a produzir mais com ajuda da vibração dos que ingressam nas fileiras da gloriosa PRF. Ressaltamos que o concurso de 2004 foi herdado da gestão anterior, sendo finalizada na “era Derenne” com o lançamento do edital, que chama para si os louros da vitória. A verdade é que de 2006 para cá, os concursos verdadeiramente nascidos na atual gestão, foram alvo de fraudes e enfrentaram sérios problemas judiciais, sendo que o concurso de 2009 ainda encontra-se parado sem previsão de retorno.
Com a entrada de novos policiais, aliada à experiência e renovação da esperança dos policiais antigos, os resultados começaram a aparecer. Resultados estes frutos da obstinação de policiais que entraram nesta instituição sem receber fardamento, pistola, coletes, algemas; mas que incentivados pelos cursos de formação chegavam com muita vontade de trabalhar e encontravam excelente recepção de colegas que procuravam esperança de renovação do órgão. A motivação que trás um curso na vida de um policial é impressionante!
Parte do resultado veio também de operações desencadeadas pela DCC, onde com a participação dos policiais de vários estados, cumpriam mandados de prisão e busca e apreensão emitidos pela justiça federal e estadual em praticamente todos os estados do Brasil com grande visibilidade dada pela mídia. Mas o grosso dos resultados vem mesmo no dia a dia do policial. São notificações, detenções de pessoas com Mandado de prisão em aberto, até prisões de quadrilhas perigosas em deslocamento, trafegando por nossas rodovias, que se encontravam com a “guarda baixa” sem que fosse preciso um único disparo. A operacionalidade da PRF ocorre todo dia, nas equipes massacradas pela falta de condições que nos são impostas pela péssima gerência dos atuais administradores.
Não há operacionalidade que resista à falta de manutenção de equipamentos, postos e viaturas. Chega a um momento onde o policial operacional se questiona realmente se há alguém trabalhando para viabilizar a atividade fim e valorizando seus resultados e acaba se desmotivando.
Vemos pelo resultado apresentado pela CGA que todos os índices estão ligados diretamente à entrada de novos policiais. Porém alguns números parecem não ter explicação. Os números de renovação de frota parecem ainda não estar atendendo a necessidade do efetivo, pois em parte dos estados ainda se insiste em realizar os serviços em viaturas em péssimas condições de manutenção.
Quando passamos a analisar os números de investimento na infraestrutura de postos e delegacias é que a piada começa a ficar séria, pois ainda trabalhamos em postos sem as mínimas condições de segurança e de uso, não obstante os milhões gastos na reforma e construção de postos conforme relatório.
No Estado do Ceará há dois postos que deveriam ser interditados pela falta de condições mínimas de uso, que são os postos de Icó e de Milagres. Só com a análise do documento a ser disponibilizado brevemente no site do SINDPRF/CE (www.sindprfce.com.br) é que podemos ter noção do quão absurdo são as condições em que os policiais que lá trabalham, são submetidos. O Posto de Milagres é o mesmo há mais de 20 anos; não tem alojamento, instalações elétricas satisfatórias, banheiro satisfatório; sendo um verdadeiro absurdo que ainda esteja em funcionamento. Se não fosse pela presença de um ou dois policiais dentro do posto, o mesmo passaria por posto abandonado, pois o mesmo parece ter sido abandonado há séculos pela administração da 16º SRPRF. Não podemos dizer que o posto de Icó é melhor, apesar de um alojamento de aproximadamente 2m² (menor que uma cela) com um “triliche”, com infiltração, ácaro, micose... e todo o tipo de mazela peculiar a uma cela de presídio. A situação é agravada pelo horário de rendição dos policiais, que tem que se deslocar no dia anterior, chegando ao posto 2 horas da madrugada e se houver vaga no alojamento, poderão descansar, caso contrário, procuram repouso dentro de alguma viatura (quando disponível), ou em algum alpendre das casas vizinhas, como se andarilhos fossem.
Essa é a PRF que não aparece nos lindos números e gráficos ascendentes da nossa CGA. Não aparecem nos relatórios que os colegas da 5º Delegacia da 16º SRPRF possuem um “caixinha” para sanar problemas que a administração insiste em virar as costas como: compra de lâmpadas, desentupir banheiros, comprar água, alinhamento de viaturas... Também não está nos gráficos que a maioria dos aparelhos de ar condicionado dos postos e alojamentos é do sindicato, que atende a solicitação dos colegas para que os mesmos não padeçam desamparados por completo.
Para completar a catástrofe, amaldiçoado será quem ousar discordar ou sequer murmurar do que tem acontecido nos bastidores da Polícia Rodoviária Federal, pois surpreendentemente não participará mais de cursos, de operações, de palestras e poderá ser sumariamente banido para locais longínquos dos que rotineiramente trabalham. Pensamos que aquela antiga história de remoção “punitiva” havia ficado para trás, visto que a justiça já havia se manifestado exaustivamente sobre tal fato, porém o sistema sindical ainda padece nas mãos de seus administradores com tais punições, conforme podemos notar na transferência dos membros do CIOP/CE para a 1ºDel, onde se encontram a presidente do SINDPRF/CE e dois diretores; com a possível transferência do presidente do SINPRF/DF, Nivaldino do CIOP para a atividade fim; bem como aconteceu com o presidente do SINPRF/RN, Neto que já teve seu direito de permanecer em sua lotação assegurado pela justiça.
Não podemos esperar nenhuma reação diferente da atual administração, que acredita estar nos períodos áureos da falta de liberdade de expressão e de democracia. Tal tratamento dispensado aos seus sindicalistas não é fruto de motivações locais específicas, mas sim de uma doutrina Derenniana de perpetuação no poder, contra a qual se levantam os sindicatos perseguidos.
Este sim é o real legado de nossa administração atual, dois concursos sob suspeita de fraude, um dos quais paralisados, perseguições a sindicalistas e policiais que ousam discordar da atual administração, total falta de tato ao lidar com as forças coirmãs, preterição da Polícia Rodoviária Federal no combate aos crimes nas fronteiras, crimes contra o meio ambiente, tráfico de drogas; para citar só alguns números que não aparecem nos lindos gráficos.
É por isso que nós, policiais interessados no crescimento da nossa Polícia Rodoviária Federal nos levantamos contra a doutrina de administração atual. Para que haja uma política de valorização do policial, com fornecimento de material suficiente para o desenvolvimento no trabalho e que não fiquemos largados sem efetivo suficiente para atender aos anseios de um povo que tanto clama por segurança nas estradas.
SINDPRF/CE



Fonte: novaprf.com.br

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